Em um cenário em que o crédito para produtores de grãos era predominante, dois empreendedores, Gustavo Foz e Gabriel Santos, optaram por investir no mercado de café, que carecia de atenção no mundo das startups.
Liderando a Culttivo, uma fintech especializada em café que chamou a atenção de investidores como KPTL e Eisa, a dupla estava preparada para fornecer financiamento aos cafeicultores em um momento de grande aumento nos preços do café, mantendo os índices de inadimplência abaixo de 3%.
Agora, a Culttivo tem planos de expansão. Com uma abordagem que combina um relacionamento próximo com os produtores e o uso de tecnologia para análise de crédito, a startup busca dobrar de tamanho ao longo deste ano.
Oferecendo linhas de crédito para o custeio e armazenamento de café, a Culttivo almeja alcançar uma receita de R$ 60 milhões até 2025. No ano anterior, a receita foi de R$ 30 milhões, conforme Foz, um dos fundadores da empresa, mencionou durante um evento organizado pela fintech em parceria com a Serasa Experian e a gestora Milênio.
Para atingir esses objetivos, o portfólio de crédito da Culttivo precisa crescer. A meta é disponibilizar cerca de R$ 300 milhões em crédito aos cafeicultores ao longo deste ano, com a ambição de atingir R$ 1 bilhão entre 2028 e 2030.
R$ 30 bilhões
A estratégia é baseada em uma demanda não atendida: cerca de 80% dos aproximadamente 350 mil cafeicultores no Brasil, de acordo com a Culttivo, enfrentam dificuldades para obter crédito público e privado, já que a maioria das agtechs estão focadas apenas em produtores de grãos.
“É um mercado vasto. Existe uma carência de financiamento de R$ 30 bilhões, e essa lacuna se abriu nos últimos 12 meses. A maior parte dos produtores tem acesso limitado ao crédito, vivendo em economias locais muitas vezes carentes de oportunidades”, explicou Foz.
Nesse sentido, a interação direta com os cafeicultores é essencial. “No dia a dia, o contato humano ainda é indispensável. Em cada financiamento concedido, visitamos a fazenda mensalmente para validar o processo. Isso permite acompanhar o progresso, prever o momento da colheita e lidar com possíveis contratempos”, ressaltou.
Mesmo valorizando a proximidade, a tecnologia desempenha um papel crucial. A Culttivo desenvolveu uma tecnologia que fornece mais de 90% de precisão nas condições e estimativas de produtividade de cada plantação de café.
Além disso, a fintech estabeleceu uma parceria com a Serasa Experian, que oferece diversos serviços para auxiliar na análise de crédito. Por meio dessa parceria, o tempo de análise de crédito foi reduzido de 8 horas para 3 minutos.
No total, a empresa conta com 70 colaboradores e possui escritórios em São Paulo, Franca (SP) e Varginha (MG), seguindo um modelo de vendas diretas, que representa 60% do volume, e uma rede de 150 parceiros, incluindo revendedores de insumos, tradings, cooperativas e corretores de café.
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A Culttivo utiliza um Fiagro FIDC para obter os recursos necessários para oferecer crédito aos cafeicultores. Com uma carteira de R$ 138 milhões, o fundo se destaca como o principal mecanismo do mercado de capitais na cafeicultura. Em comparação, a concorrente BigTrade tem um fundo em parceria com a Suno (o CAFE11) com R$ 28 milhões em carteira.
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