Em um cenário colaborativo pouco comum no setor agrícola brasileiro, a startup Seedz se uniu à Coopercitrus, uma cooperativa de distribuição de insumos estabelecida em Bebedouro, para aprimorar a tecnologia de monitoramento de safras com o uso de imagens de satélite e inteligência artificial.
Nessa parceria, chamada de design partnership ou collab no vocabulário do varejo, Seedz e Coopercitrus compartilharão os ganhos das tecnologias que forem melhoradas a partir da colaboração entre as equipes da startup fundada por Matheus Ganem e da cooperativa liderada por Fernando Degobbi.
A parceria com a Coopercitrus oferecerá uma presença física importante para aprimorar os algoritmos da Seedz, conforme relatou Ganem em uma entrevista ao The AgriBiz.
“Sentimos a necessidade de informações do campo para calibrar melhor os algoritmos, e não há melhor parceiro do que a Coopercitrus. Poucas empresas são tão avançadas no uso de dados para a inteligência do negócio como eles”, afirmou o empreendedor mineiro.
Com a Coopercitrus, as tecnologias já existentes da Seedz – especialmente aquelas obtidas com a aquisição da Gaivota – receberão um impulso significativo da equipe de campo da cooperativa. A parceria envolverá o auxílio de mais de 500 pessoas que lidam diariamente com as fazendas atendidas pela Coopercitrus para calibrar a tecnologia.
“Muitas vezes, a falta de calibração é o grande problema das plataformas. Um exemplo é uma árvore no meio da lavoura, que pode confundir o algoritmo. O que estamos fazendo é inovador. A Seedz, sozinha, não teria a capacidade de calibrar dessa forma”, argumentou Degobbi.
A penetração no campo e a diversificação de atuação da Coopercitrus são vantagens para a Seedz, permitindo a análise de dados de diversas culturas agrícolas, além de soja e milho.
Com um faturamento superior a R$ 8 bilhões e presença em 70 municípios, atendendo a 42 mil cooperados, a Coopercitrus é uma participante relevante no mercado de café, sendo um dos maiores distribuidores de fertilizantes (com 1 milhão de toneladas) e uma das maiores concessionárias de máquinas agrícolas do Brasil, vendendo mais de 1,3 mil tratores por ano. Em defensivos agrícolas, movimenta mais de R$ 2 bilhões.
“Não são todas as empresas que podem nos proporcionar uma compreensão tão ampla de mercados diversos quanto a Coopercitrus”, de acordo com Ganem, cujo negócio já fatura R$ 200 milhões – uma quantia significativa para uma agtech.
Com essa parceria, a expectativa é que o software da Seedz melhore as informações para os clientes, oferecendo benefícios que vão desde a gestão de riscos – com alertas sobre a situação de uma plantação – até a geração de oportunidades comerciais.
“Se observarmos um comportamento diferente no campo, como devemos reagir? Se considerarmos apenas o fator pessoal, nem sempre conseguimos utilizar a informação da melhor maneira. A tecnologia ajudará nisso, qualificando as vendas ao combinar tecnologia territorial e transacional”, resumiu Ganem.
O artigo original foi publicado em The AgriBiz.
